terça-feira, 30 de novembro de 2021

RETRATO EM MOVIMENTO


Tantos copos se enchem
(E não há tanta gente),
Mas nunca transbordam,
Independente da hora...

Ora uns copos
São de pinga..
Noutra hora, os
São de água...

E lá vêm os pingos
Na escrivaninha
Do quarto...

E lá vêm as pingas
À mesa
Da cozinha...

E a lá vão as pingas
À mesa
Da sala...

E a lá vão os pingos
À pia
Da lavanderia...

Há tantas águas
Que trilham nas rachaduras da casa...

E a cada minuto transcorrido,
Fecham-se os olhos
E o silêncio invade os ouvidos!
( Os leitos, naturais, se tornam)

Encerro os meus cílios
Ao som das cachoeiras furtivas
Cujos pingos morses
Relembram-me o que
Assim me ensinaram:

“Deixai transcorrer
Toda essa chuva suave!”
“ Pois isto é natureza:
Cujo curso sempre
Será premeditado...”

“Aquém de tuas mãos e braços!”

(Leandro Monteiro)

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