Uma seleção de poemas metalinguísticos (ou sejam que falam de poesia ou da própria língua).
Leandro Monteiro
TÍTULO
Leandro Monteiro
POEMA
Este texto que se lê
Não é um poema.
Não tem uma métrica,
aliterações, assonâncias, metáforas...
Não há crítica social,
amor e espiritualidade como assunto.
O que se vê é apenas um
texto
Sem nada de lirismo
- que está na poesia
Que todo poeta escreve.
O texto não é poesia,
Que é tudo que não pode
ser respondido.
Este texto, talvez, não
seja nada
Além de um amontoado de
palavras
Que, independentemente de
forma textual ou gênero,
Tem, dentro de si, uma
poesia.
Uma poesia que pode fazer
um poema.
Leandro Monteiro
TÍTULO
Pode ser curto
Ou um pouco mais longo.
Não é poesia, conto,
romance, artigo de jornal ou qualquer texto...
Já que tem apenas uma
linha.
Ele está na essência
(que, agora, está no
papel)
Do cosmo, do mundo ao
qual pertence:
Fatos, coisas, seres,
gentes, conceitos...
Podendo ser tudo.
Assim, ele é o início de
tudo,
O primo-verbo,
O verbo-nominativo
Que originou a existência
De um ser que antes não
sabia que vivia.
E que, agora, vive.
Leandro Monteiro
CONCEPÇÃO DA POESIA
Como todos os ingênuos,
Sempre achei que a poesia
Nascesse como a Virgem
Maria
De um parto milagroso,
sui generis...
Sem dificuldade.
Entretanto, quando vi
Que a poesia era
trabalhada,
Escrita várias vezes a
fio...
Percebi que ela nasce
Como qualquer pessoa
parida:
Através dos
planejamentos, das intenções
E de atos constantes –
durante muitas fases –
Para ficar com sua forma
definida –
De uma criança que,
depois de muitas leituras, impressões e
aprendizagens,
Tornar-se uma pessoa na
vida.
Leandro Monteiro
POEMAS DE GAVETA
Poemas de gaveta,
Papéis empoeirados,
Tintas incolores,
Palavras a se perderem
No tempo de um pensamento fugaz.
Não sei qual é o sentido das palavras
Mas sei das que eu já não pensava...
Pensava que eram velhas.
Mas, quis torná-las novas
Ao tanto usá-las nos lugares mais inesperados.
Eu tentei várias vezes dialogar com elas;
Escrever-las em novos papéis...
Mas elas se recusam a me falar, dizer-me...
A se abrirem à minha mente;
Que as quer tanto rejuvenescê-las
Com o amor que tem por elas.
Tentei, tentei... Mas não consegui.
Parece que já aceitarem o tempo,
Os carunchos a consumi-las
Dentro de um velho imóvel carcomido...
Esperando, pelo fim, a cremação
De todas suas vidas malfadadas.
Feito seus urgentes pedidos,
Eles, agora, são poesia cremada...
E suas essências estão em paz
Dentro de meu cemitério-cabeça.
Leandro Monteiro
ETAPAS
Do mar, eu me originei;
Na terra, ainda vivo;
Para o céu, eu voltarei
A estar com o infinito.
Leandro Monteiro
CANTO DO POETA
Canto de minha casa
O mundo.
Canto o que sei: o nada
De tudo.
Canto uma moral
Que nunca tive.
Canto uma guerra
Onde nunca estive.
Canto um poema
Com palavras sem significados.
Eu canto um tema
Sem eu tê-lo praticado...
Mesmo assim, eu canto...
Canto até explodir meu talo,
Pois creio em meus pensamentos
E sonhos, imensos...
Sonhos de uma vida
Com muita coisa a fazer
Sonhos de uma vida
A buscar para sempre ter
Mais do que os sonhos
(Que estou a fantasiar).
Leandro Monteiro
ROSA MÍSTICA
Rosa mística,
Rosa rosa,
Rosa índiga,
Poderosa.
Rosa mística,
Generosa,
Rosa linda,
Amorosa.
Rosa minha,
Corajosa,
Heroína
Que me salva...
A minha alma,
Toda hora,
De uma rosa
Espinhosa
Rosa negra,
Minha dor...
Dor que espeta
Minha flor:
Minha rosa,
Rosa rosa.
Leandro Monteiro
Leandro Monteiro
POEMAS DE GAVETA
Poemas de gaveta,
Papéis empoeirados,
Tintas incolores,
Palavras a se perderem
No tempo de um pensamento fugaz.
Não sei qual é o sentido das palavras
Mas sei das que eu já não pensava...
Pensava que eram velhas.
Mas, quis torná-las novas
Ao tanto usá-las nos lugares mais inesperados.
Eu tentei várias vezes dialogar com elas;
Escrever-las em novos papéis...
Mas elas se recusam a me falar, dizer-me...
A se abrirem à minha mente;
Que as quer tanto rejuvenescê-las
Com o amor que tem por elas.
Tentei, tentei... Mas não consegui.
Parece que já aceitarem o tempo,
Os carunchos a consumi-las
Dentro de um velho imóvel carcomido...
Esperando, pelo fim, a cremação
De todas suas vidas malfadadas.
Feito seus urgentes pedidos,
Eles, agora, são poesia cremada...
E suas essências estão em paz
Dentro de meu cemitério-cabeça.
Leandro Monteiro
ETAPAS
Do mar, eu me originei;
Na terra, ainda vivo;
Para o céu, eu voltarei
A estar com o infinito.
Leandro Monteiro
CANTO DO POETA
Canto de minha casa
O mundo.
Canto o que sei: o nada
De tudo.
Canto uma moral
Que nunca tive.
Canto uma guerra
Onde nunca estive.
Canto um poema
Com palavras sem significados.
Eu canto um tema
Sem eu tê-lo praticado...
Mesmo assim, eu canto...
Canto até explodir meu talo,
Pois creio em meus pensamentos
E sonhos, imensos...
Sonhos de uma vida
Com muita coisa a fazer
Sonhos de uma vida
A buscar para sempre ter
Mais do que os sonhos
(Que estou a fantasiar).
Leandro Monteiro
ROSA MÍSTICA
Rosa mística,
Rosa rosa,
Rosa índiga,
Poderosa.
Rosa mística,
Generosa,
Rosa linda,
Amorosa.
Rosa minha,
Corajosa,
Heroína
Que me salva...
A minha alma,
Toda hora,
De uma rosa
Espinhosa
Rosa negra,
Minha dor...
Dor que espeta
Minha flor:
Minha rosa,
Rosa rosa.
Leandro Monteiro
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