quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

VÁCUOS DAS PALAVRAS

PESÁRIO
(Elegia ao Jovem Matusalém)


Um homem simples,
De saber centenário,
Morreu jovem ontem,
Ele, que me lembro,
Fazia aniversário
Sempre no dia
29 de fevereiro...


Ofereço, agora,
Meus pêsames à família.



POEMA PARA PASSAR O TEMPO

“E agora José?”
Carlos Drummond de Andrade


E agora, Leandro?
O dia trovejou,
O cabo se cortou,
A luz apagou...

O computador,
Já não mais liga,
E tu não mais
Se comunica,
Em frente do monitor,
E agora?
..................

Agora, só me resta
A ler, a escrever
Na penumbra
Do mais próximo
Entardecer...

Antes que
A escuridão
Avance em todo o seu máximo
E extremo de poder...

Agora só me resta
Reproduzir
Este triste poema
De Carlos Drummond
Cuja aurora ainda não vê
O José, no crepúsculo, a viver.


Leandro Monteiro



INTENÇÃO ARTÍSTICA: O POETA

Gosto de me esconder,
Gosto de me mostrar,
Com palavras que
Vem me fantasiar
Ou me façam confessar.

Há versos em que rimo;
Outros, eu deixo a deus dará.
Escrevo-os, pois o mundo é assim:
Alguns são sozinhos,
Enquanto outros já têm par...

E o artista não é cientista
Para um dos lados só abordar.

Gosto de me esconder,
Gosto de me mostrar,
Com palavras que
Intencionam o que
No nosso coração há:

Desejos que todos sentem,
Uns guardando dor,
Valorizando o mal que passou;
E outros, boas lembranças...
Pelo bem que ficou.

E o artista não é cientista
Para um dos lados só abordar...

Ele quer levar, deixar
Um mundo que há,
Despertar consciência,
Trazer aconchego,
Para os outros e si mesmos...

Que buscam a esperança
De na vida ser feliz e nada mais.
Esperanças nas palavras
Que procuro esconder, mostrar,
Brincar com vocês, leitores...

E eu, o artista, o poeta
E só te quer (bem) sensibilizar com a vida.



Às portas do verão
36 graus
E um calor de matar
Não sei se me relaxa
Para dormir
Ou se me sobe a pressão
Para desmaiar.

36 graus
E nem mais sol há
A escuridão é total
E muitos mosquitos cara de pau
Estão a me incomodar
Zumbindo em minha orelha
Deixando-me marcas vermelhas.

36 graus
Já não sei se
O que escrevo é
Poema,
Canção
Ou simples texto apenas...

Só sei que o calor acena
Para os versos sonoros
De Gedankenlautwerden
A inferir os mantras pedidos
De terminar este escrito
Criar uma miragem para viajar
O sono para qual me querem submetido.



Leandro Monteiro





FIDEDIGNIDADE DO SER E DO POETA 

Não quero ser o futuro do passado
Para quem se conjectura
Sobre o pretérito,
Entre imperfeito e perfeito,
Adorado, mas enganado.

Quero ser, escrever, apenas,
Concepção estética
Que me valha mais que ideia
E que se torne ou seja
Sábio real ser.

Quero, às penas,
Ser o presente de uma vida
In loco ou in memoriam
A se manter consciente
Nas pessoas que estão,
Nas pessoas que ainda virão
Enquanto não estiver presente.





Leandro Monteiro



POSCSIE

Tdoa luoruca

Aepasr da bgançua
Smerpe pderoá
Uma rzãao econatnr.





Leandro Monteiro




CONVEXO - OXELFER

O espelho é
A imagem
A bater-se
~~~~~~~~~~
es-ratolv a E
sa omoC
.rma od sadnO





Leandro Monteiro




ETERNO MISTÉRIO


É! Eu nunca descobrirei
Esse recorrente mistério
De não reconhecer o além...
O além daquilo que eu vejo
Quando estou em frente do espelho
(Ah! que mundo tão complexo!)
 
Leandro Monteiro

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